domingo, 30 de setembro de 2012

ESCOLA

Vem e agradece a Deus a mão piedosa e santa Que, ao fulgor deste altar, te ilumina e consola Aqui, pulsa, imortal, o coração da Escola, Em cuja glória humilde a terra se levanta. Vem e agradece a Deus a salvadora esmola, Dessa fonte de luz que jorra, vibra e canta, Na vitória do bem que se eleva e agiganta Sobre as ruínas do mal em que a treva se isola. Aqui, é o ninho excelso, entre o Lar e a Oficina. Entre e louva a lição que desce cristalina, Do amor que vem do Céu, alto, puro e fecundo... A escola que te educa sustenta a subida E o templo em que o Senhor nos enaltece a vida, Exaltando a beleza e a redenção do mundo. OLAVO BILAC

terça-feira, 11 de setembro de 2012

TUDO UM DIA ACABA (Gabito Nunes)

Meu relacionamento mais íntimo e verdadeiro é com meu tênis. E mesmo assim, nunca é duradouro. Somos parceiros até o fim, até que ele se esfole e desintegre feito pó. Nosso amor é sujo e o laço não foi amarrado para durar. Sem lamentos sertanejos, ele cumpriu sua missão, tudo um dia acaba. Eu não meço esforços para o melhor companheiro. O tênis é o meu cachorro de rua. Eu adoro correr. É quando me sinto dentro da minha pele, é quando tenho certeza que minha alma não vai explodir e sair flutuando de mim, para longe do meu braço dolorido de tanto esticar. A respiração de cada passo sanfona meu espírito, que encolhe e incha, mantendo tudo sob controle, o mais absoluto equilíbrio. De todos os vícios que eu tenho – fumo, café, comida, sexo – é o único que me faz tão bem. Correr, sentir o suor salpicando meu rosto, a dopamina transitando, a camiseta empapada, o som quieto da ação patelar dos joelhos, na companhia singela do meu tênis, as canções. É o momento do dia em que não estou competindo com ninguém, nem comigo mesmo. Embora o exercício suponha algum esporte, e esporte pressinta medalhas e vencedores, não me interessa, isso é entre mim e eu. Trabalhando em equipe comigo, afinal, estamos correndo para lugar algum, fugindo de ninguém. O único passado para trás aqui é o asfalto duro e seco e áspero e escuro, metáfora pra vida. Correr é uma espécie de transcendência. É meditação, é contemplação, é conexão, é aprender a fruir cada coisa por vez. Nada existe, nenhuma cena, obstáculo ou situação, antes de passar pela vida acontecendo em cada pisada. É avançar sobre o tempo, que a esta altura nem é mais tão importante. Correndo, e só correndo, eu entendo o valor do que não pode ser somado, medido, adulterado, apossado. Eu corro para liberar a droga que retarda minha doença degenerativa que é viver, sentir, ser, ter, estar. Às vezes, outros corredores passam na contramão com aquele meio sorriso de reconhecimento, como planetas desconhecidos se cruzando numa órbita comum, dois asteroides anônimos que optaram pela maratona de um homem só. No entanto, a solidão não me alcança, pois, a passos largos, eu me desligo. Na cooperação de um revezamento, é a vez do corpo se mexer enquanto o cérebro dorme. Ao quebrar a última esquina antes da porta de casa, os pés no freio sustando o percurso, parando na calçada final antes da ducha, corcundando as mãos sobre os joelhos, pingando cachoeiras de satisfação, as pernas bambas tentando seguir sozinhas, é aí que o corpo todo dói a melhor dor do mundo. É o mal vindo para o bem. O latejar de cada músculo, de cada nó de veia, de cada sociedade celular, de cada encaixe de órgão, de cada articulação de classe operária, é um alarme pulsante, um pequeno lembrete para onde você deve voltar amanhã. A ansiedade e a depressão não correm mais que eu, que só sei andar rápido quando não tenho pressa. A favorita do meu MP3 Player para longos percursos é “You Can’t Always Get What You Want”, dos rapazes dos Stones. Você não precisa de análises, conselhos ou guias, quando tudo se resume naquele refrão te dizendo Você não pode ter tudo aquilo que você quer. Mas você pode tentar, às vezes. Nem sempre, por vezes quase nunca, você conseguirá as tralhas materiais que cobiça, o patamar social, ou as pessoas que te fazem bem por perto. Elas podem morrer, afogar-se na inconsciência de um Alzheimer, chafurdar em alguma droga, jogar-se de uma janela alta, ou simplesmente decidir que não querem mais ficar perto de você. Tudo um dia acaba. Assim como o tênis velho que, de tempos em tempos, abre espaço para um com cheiro de novo. Que continuará ensinando – andar não significa perseguir.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

HINO NACIONAL

Ouviram-se nas margens serenas do Ipiranga, gritos fortes e estrondosos de um povo valente, num dia em que o sol brilhava com raios de liberdade. No céu aparecia mais uma pátria com seus próprios domínios, a segurança de uma pátria conquistada com os esforços de seus próprios filhos que lutava em busca de liberdade ou de morte. Seus filhos clamavam: “salve nossa pátria amada”. Quando a liberdade tão sonhada desce à terra, no seu formoso céu nasce a imagem de um brilhante Cruzeiro, Um país enorme por natureza, bonito, forte, corajoso, com grande poder onde o futuro transmite essa grandeza. Brasil terra amada! Entre as várias nações és tu uma outra pátria, delicada mãe dos filhos deste solo brasileiro. Deitado eternamente em berço, vivos, alegres, ao lado do mar sob a luz do céu profundo. Brasil, uma flor da América, iluminado pelo sol do novo mundo, com terras enfeitadas, campos floridos e bosques resistentes, o que faz a vida mais amada. Brasil de amor, símbolo do mundo, sua bandeira apresenta estrelada, com o verde amarelo nos dizendo: paz no futuro! Glória no passado! A justiça é sua arma e teus filhos não fogem à luta, morrem por ela. INTERPRETAÇÃO: Cláudio Wilson dos Santos Pereira (Texto escrito em 1994, nos comemorativo da semana da pátria)