sábado, 12 de fevereiro de 2011

Maior sinergia entre alunos, pais, escola e sociedade nesta volta às aulas

Com as mudanças ocorridas no último século, principalmente, nas últimas décadas, houve transformações sócio-econômicas expressivas que modificaram sensivelmente a família, como célula básica e fundamental da sociedade. Notadamente, nos últimos 20 anos, o mundo mudou velozmente, a estrutura familiar se modificou e, por sua vez, os alunos também. Mas a escola, enquanto instituição social, pouco mudou. Grandes mudanças ocorreram em níveis comportamental e social em relação à família. As novas configurações familiares trazem à escola dificuldades de compreensão e de atuação na sua tarefa de ensinar e formar. Duas causas podem ser atribuídas a esse novo desenho familiar: a necessidade de ingresso e conquista do mercado de trabalho pelas mulheres e as grandes transformações de comportamento e maior liberdade sexual, veiculadas e reiteradas pelas mídias em geral.
Tais fenômenos interferem, sobremaneira, na sociedade, criando uma família diferente da tradicional: pai, mãe e filhos, numa relação cotidiana constante.


Atualmente, é cada vez maior o número de filhos que são fruto de relações informais, de pais separados, de "produções independentes", etc; contudo, não se pode dizer que a nova situação familiar seja uma anormalidade. Houve mudanças no paradigma social familiar que, obrigatoriamente, a escola precisa entender e se adequar, de forma a poder cumprir sua missão.

Ficar no saudosismo não resolve, é preciso buscar novas estratégias para chamar a família à sua responsabilidade. Trazer pais e mães, independente de viverem juntos ou não, e convocá-los a assumirem seus papéis sociais diante dos filhos e da sociedade, algo que a instituição escolar necessita e deve fazer. Por outro lado, a escola também precisa se adequar, mudar sua forma antiquada de enxergar a família e tentar caminhar com ela, realizando atividades e eventos que promovam a integração entre toda comunidade escolar: alunos, pais, professores e direção. Também a comunidadedeve ser chamada a responder e a auxiliar nessa empreitada.

Sabe-se que hoje os jovens e as crianças respeitam cada vez menos seus pais e seus professores, tornando a disciplina uma questão séria que a escola deva resolver. Contudo, não há como proceder, sem o auxílio da família, sem interação e troca de comunicação entre essas duas instituições sociais. Pais e professores são de opinião que o problema maior está nas determinações dos limites para os alunos e filhos. Contudo, não trocam opiniões, não discutem o problema, não buscam soluções consensuais. Há exceções, é claro. Porém, será que o estabelecimento de regras, de limites, resolverá o problema? Claro que não. Só surtirão efeitos, se forem estabelecidos com determinados objetivos e discutidos, inclusive, com os alunos e os filhos. Tarefa difícil, sem dúvida, mas um caminho a ser percorrido. Escola, pais, alunos e sociedade têm responsabilidades
compartilhadas, pelo menos, em tese.


Ana Shirley França
O Globo, 10/02/2011 - Rio de Janeiro RJ

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