sábado, 27 de outubro de 2012
PEDRAS DE OURO PRETO
Volto a caminhar sobre as pedras,
Pedras de Ouro Preto.
Pedras sólidas estendidas aos meus pés
Que contam histórias a cada passo,
Histórias de Liberdades que ainda tardiam.
Em quantas pedras pisei e pisarei por aqui?
Quantas lembranças ficaram
Em minha mente sobre essas pedras frias/quentes?
Como sinto a presença do horizonte, o Pico do Itacolomi,
Também pedra!
Pedras de outros caminhos nos quais meus pensamentos também caminham…
Caminhos azul-neblina do céu!
Nas janelas abertas como a olhar o tempo,
Eu sobre as pedras olho meu tempo nas imagens do herói Tiradentes – edificado em pedra.
Assim caminho noite e dia,
e ouço sinos,
Gargalhadas de estudantes,
de turistas distantes,
de religiosos, de forasteiros, de bêbados malabaristas,
de operários, padres, freiras,
de artistas,
de gente daqui que diz bom dia!
Também, nesses encontros de pedras, assisto ao bailar das asas dos pequenos pássaros ao deixarem seus ninhos,
ao bicarem o néctar das flores,
Sou flores, sou poesia dos caminhos…
Encontro até teias de aranhas que entrelaçam galhos verdes do lado de lá dos muros de pedras, estendidas nos quitais verdes,
Como a alinhavar as linhas daqueles tempos…
Cores e movimentos que pousam como um milagre no meu olhar de sonhos…
E volto a olhar entre pedras as crianças que correm, que caem entre pedras lisas, traiçoeiras, pontiagudas…
Mas que se levantam em sorrisos…
Sou esperança, sou também criança no caminhar.
Sou todo silêncio!
E desperto nos cantos dos corais que me encantam,
que me emocionam na fé dos altares de ouro.
E no leve vento que sopra da serra navega o apito do trem:
O Maria-Fumaça que já vai… que já vem… que já vai…que já vem…que já vai…
que já vem…
Uma fumaça branca dança rumo às nuvens na viagem do trem.
Um outro apito: o trem que vai…o trem que vem…
E na grande praça coberta de pedras, os soldados marcham, a banda toca dobrados, as bandeiras tremulam suas ideologias, suas paixões, e as vozes se unem no protesto… no aplauso…
Enquanto as autoridades sobre pedras, como pedestais, se agraciam com medalhas que reluzem ao sol do meio-dia…
Pronunciamentos ecoam no levar dos ventos a edificar outras histórias na grande praça de pedras!
E eu caminho, caminho,
Caminho sobres as pedras desses diferentes caminhos…
Caminhos dos Inconfidentes,
Caminhos de Ouro Preto – que hoje -, são também meus caminhos!
(Pedras de Ouro Preto – trecho da poesia de Carlos Diamantino Alkmim)
*Poema editado no livro “Outros Tempos, Outras Letras”
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